Cinema São Jorge

O “queer”, sendo um conceito que parece nunca estar lá plenamente, estar sempre em falta, é porque ele é alimentado pelo passado e as suas muitas construções, e porque ele é sempre uma simulação de futuro, no qual projetamos uma vontade utópica. Nunca é exatamente “presente”. É uma promessa para a qual temos de trabalhar juntes. 

 Lucy tem 95 anos. No seu apartamento, fotografias amareladas pelo tempo contam a adolescência de um rapaz outrora chamado Luciano, que estava prestes a viver o mais sinistro período da sua vida. Lucy é a mais velha mulher transexual de Itália. Ela está entre os últimos sobreviventes do campo de concentração de Dachau. A história de Lucy é a história do século XX. Os episódios da sua turbulenta vida são a metáfora de uma humanidade que persiste e que tem como bem mais precioso a memória, esse único e insubstituível ponto de partida.  

 Loving Highsmith oferece-nos um olhar único à vida da celebrada autora norte-americana, Patricia Highsmith, com base nos seus diários e apontamentos, assim como depoimentos intimistas das suas amantes, amigos e família. Com ênfase na sua procura pelo amor e na sua perturbada identidade, o filme desvela uma nova luz sobre a sua vida e obra. A grande parte das novelas de Highsmith foram adaptadas ao cinema, mais notavelmente Strangers on a Train e The Talented Mr. Ripley. Carol, uma novela parcialmente autobiográfica, foi a primeira narrativa lésbica com final feliz na América dos anos 50. Mas Highsmith viu-se forçada a levar uma vida dupla, ocultando a sua vibrante vida amorosa do público e família. Apenas nos seus escritos íntimos é que refletiu sobre esse “tema omnipresente”. Excertos destes escritos são narrados por Gwendoline Christie, intercalados com material de arquivo da autora e das suas adaptações cinematográficas, resultando num vívido e comovente retrato de uma das mais fascinantes escritoras do século XX.       

Insieme InsiemeDurante as suas férias permanentes na região dos lagos italianos, um misterioso trio toma um inocente turista em cativeiro.Dans le silence d’une mer abyssale Através de uma narrativa pessoal e de imagens filmadas no início do século XX por cineastas mulheres, a realizadora questiona as suas próprias referências. Entre passado e presente, memórias e omissões, o público (re)descobre as mulheres que fizeram do cinema o que ele é hoje. a body is a body is a body Catolicismo, feitiçaria e desejo queer colidem em quadros animados em 3D. Nesse espaço liminar, a linguagem desdobra-se; suspensa entre desejo e tradição, ternura e violência. Let My Body SpeakUma jornada pessoal e íntima que explora a experiência de repressão vivida pela cineasta durante a sua infância, quando foi controlada sexualmente, em Damasco, cidade que também vivenciava uma crescente repressão sociopolítica no final dos anos 80 e início dos anos 90.  Billy BoyNum apartamento infestado de formigas, Alejo procura o amor por entre encontros rápidos e sexo vespertino.

 Uma vila na costa do Mar Negro da Geórgia, de gentes amigáveis ​​que acreditam conhecer-se. Um dia, Eliko é encontrado enforcado; a sua neta Moe vem organizar o seu funeral. Ela é confrontada com uma teia de mentiras e com as trágicas consequências da vida amorosa escondida de Eliko e Amnon, durante os últimos 22 anos. A verdade, no entanto, acaba por libertar a capacidade de amar de Moe e empurra os habitantes da vila a tomar uma posição.

 BR Trans dá voz à população mais marginalizada e assassinada no Brasil de hoje: transexuais. Através da justaposição de uma peça de teatro protagonizada por Silvero Pereira, histórias reais e ficção misturam-se em busca de sentimentos como o afeto e a empatia. 

Em Lausanne, na Suíça, um grupo de jovens mulheres na casa dos vintes, empunha a câmara e embarca numa jornada a fazer filmes pornográficos. Entre os empregos de umas e os estudos de outras, reúnem esforços para produzir filmes éticos e dissidentes. Rapidamente, a imprensa e o público ganham curiosidade com o coletivo. Aos olhos de todes, elas abraçam uma batalha por uma nova visão do desejo e da sexualidade. 

Santiago, pai solteiro e gay, chegou a um ponto de viragem na sua vida. A recuperar de uma separação amarga, ele enfrenta igualmente a iminente partida da sua filha, Laila, com quem tem uma relação próxima, embora excessivamente emocional. Apavorado com a perspetiva da solidão, o seu comportamento é crescentemente errático. No decurso de um caótico verão passado entre a Argentina e o Brasil, Santiago tem de aprender a soltar as amarras a Laila, para que cada qual aprenda a sua liberdade. Pleno de personagens complexas e empáticas, Errante Corazón é a história de uma intensa vontade de se amar e ser-se amado.